o que vejo não é o que ouço - ensaio sobre a distorção
Exposição de Fotografiajuliana maar

juliana maar
“Não pode mostrar-se o que não pode ser visto, mas a verdade não é bem essa. Aquilo que não pode ser visto pode ainda assim ser sugerido e, nessa sugestão, ser visto com uma espécie particular de clareza. É este o caso do som e da sua ausência.
Pela metáfora essa ausência pode ser transmitida a quem vê. A parede do silêncio pode ser mostrada e nesse gesto ver-se não só a violência dessa separação, mas também o estranho conforto amniótico que esta pode proporcionar. São imagens de outro mundo, mas ambientadas num mundo reconhecível.”
– Rodrigo Magalhães
Este projeto explora a forma, e como, a condição auditiva afeta a perceção e interação com a realidade. Parte da experiência autobiográfica da artista Juliana Maar que perdeu gradualmente a capacidade auditiva e que tem explorado a fotografia enquanto meio privilegiado de expressão autobiográfica. Nesta proposta, em conjugação com a dimensão da espacialização sonora, resultante da colaboração com o artista Rodrigo Pedreira, procura desencadear uma reflexão sobre a experiência humana audiológica, contemplando a distorção textual de recursos linguísticos e de elementos contextuais do quotidiano da artista.
Experimenta possibilidades imagéticas da fotografia, com base em autorretratos e a linguagemnãoverbal dacomposiçãosonora que recorre a field recordings baseadas no quotidiano da artista. Cada imagem serve de ponte entre a distorção e o silêncio.
Rua do Rosário 147, Porto